Mulher desafia machismo em documentário sobre forró

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Da Redação

Santo André será palco nesta sexra-feira (13) da estreia de Sala de Reboco (2024), um documentário contemplado pela Lei Paulo Gustavo, em 2023, que trata sobre a representatividade de mulheres no forró. A sessão, com entrada franca, terá início às 20h, na Casa Âmbar de Cultura. Ao término da exibição haverá uma roda de conversa com Cynara Thomaz, diretora do curta-metragem. 

 
Por meio do relato das musicistas Neide Nazaré e Fran Nóbrega; da cantora e sanfoneira Juliana Lima; da cantora e compositora Nanda Guedes; da produtora Cultural Andressa Ferri; e do empresário Paulinho Rosa é possível ter a dimensão do eco das mulheres do passado na expressão de outras atualmente. 
 
Cynara Thomaz é cineasta e produtora cultural. Uma mulher nordestina, nascida em Fortaleza, e inserida na cultura do forró. Desde cedo, sabia da relevância do gênero musical para a cultura brasileira. No entanto, ao mergulhar em pesquisas para a produção do documentário teve maior proporção das camadas de machismo existentes nele. Popularizado nos anos 1950, em Pernambuco, o forró se espalhou a outros estados por meio da migração nordestina, retratando sua realidade social e símbolos da sua identidade: a seca, a própria migração e a fome. Expressões como cabra macho, cabra-da-peste representavam valores do homem do seu tempo e as composições inferiorizavam habitualmente as mulheres.
 
O aspecto machista não se revelava apenas nas letras. Mesmo com carreiras consolidadas no forró, muitas mulheres só podiam cantar acompanhadas de seus cônjuges. Apesar disso, elas desafiaram a sociedade, sendo essenciais para as novas forrozeiras. Um desafio que continua até hoje.
 
Foi a partir desse contexto que a diretora teve a ideia de fazer uma obra que pudesse mostrar os bastidores dessa luta. “O documentário Sala de Reboco é um lugar de fala onde elas expõem seus anseios, e traz também um pouco da luta e ações dessas mulheres, pois é muito importante que se fomente a discussão, possibilitando reflexões para a desconstrução dos discursos e práticas machistas no meio”, diz Cynara.
 
A quebra de paradigmas para tocar instrumentos associados frequentemente a homens, o papel da figura do empresário e sua influência na abertura de espaços para forrozeiras, a autoafirmação a que são submetidas diante da descredibilidade masculina traçam o rumo desse curta-metragem e evidencia a realidade dessas mulheres.
 
Para Cynara, desde a primeira mulher a comandar um trio de Forró Pé de Serra, até os dias atuais, as artistas, musicistas, cantoras e compositoras, lutam pela conquista de espaço no Forró, “o palco, a música e o forró são desejos dessas mulheres, o que as tem impulsionado a unir forças em projetos coletivos na busca por igualdade de gênero na sua arte,” finaliza ela.



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