Prefeituras reforçam acolhimento a pessoas em situação de rua e ampliam serviços de abordagem social para reduzir os impactos do frio
Com a chegada da frente fria ao Estado, as cidades do Grande ABC se mobilizam para proteger as populações mais vulneráveis, especialmente as pessoas em situação de rua. Ações emergenciais e permanentes vêm sendo colocadas em prática, incluindo campanhas de arrecadação de agasalhos, reforço na estrutura de acolhimento e plantões sociais para os dias com previsão de temperaturas mais baixas.
Segundo dados do Cecad (Consulta, Seleção e Extração de Informações do CadÚnico), o Grande ABC somava 2.680 pessoas em situação de rua em outubro de 2023. São Bernardo liderava com 1.164 pessoas, seguido por Diadema (475), Santo André (470), São Caetano (226), Mauá (221), Ribeirão Pires (68) e Rio Grande da Serra (56).
Santo André deu largada na Campanha do Agasalho 2025 com a entrega de cerca de 7 mil peças — entre roupas de frio e cobertores — para 100 famílias da Instituição Beneficente Irmã Marli, no Morro da Kibon. A ação é conduzida pelo Fundo Social de Solidariedade.
Diadema iniciou a Operação Baixas Temperaturas, com previsão de se estender até setembro. Em noites com termômetros abaixo de 13°C, equipes de abordagem percorrem as ruas oferecendo acolhimento imediato. A cidade conta com dois abrigos noturnos, que passam a funcionar sem limite de horário nesses períodos, e com o Centro POP, que oferece acolhimento diurno, refeições e apoio psicossocial.
São Bernardo antecipou o início da Operação Integrada de Inverno, com reforço nas rondas de acolhimento realizadas 24 horas por dia. Durante o inverno, os abrigos do município operam em sistema de “porta aberta”, dispensando encaminhamento prévio.
Simone Soares Silva, 49 anos, era dona de casa e hoje é uma das pessoas que sentem diariamente o impacto do frio nas ruas da região. Vivendo na rua há seis meses, ela costuma se abrigar atualmente embaixo do Viaduto Antônio Adib Chammas, em Santo André, após não conseguir mais pagar o aluguel da casa em que vivia com o marido, na Vila Homero Thon. “Deixei tudo para trás, fiquei só com uma sacolinha de roupa”, conta. A rotina, agora, é de sobrevivência. “Acordo cedo, vou pra Casa Amarela, tomo banho, almoço no Bom Prato. Depois a gente volta.” Segundo ela, há resistência em aceitar o acolhimento institucional: “Eles querem que a gente vá pro albergue, mas lá tem muito problema.”
Em São Caetano, a Operação Inverno garante abrigo e distribuição de agasalhos em noites frias, por meio de atendimento técnico da abordagem social e agentes nos territórios. A cidade também retomou a Campanha do Agasalho com pontos de arrecadação.
Ribeirão Pires alia proteção humana e animal em suas ações. A Campanha do Agasalho 2025 arrecada não só roupas de inverno, mas também peças para cães e gatos.
Mauá também está com a Operação Inverno em curso até 30 de setembro. Sempre que os termômetros caem abaixo de 15°C, equipes multidisciplinares percorrem as ruas para oferecer abrigo no Centro POP e no Albergue Noturno. Recentemente, 80 pessoas foram acolhidas, enquanto outras 21 recusaram o pernoite, mas receberam cobertores e alimentos.
Rio Grande da Serra ainda não conta com abrigo específico para pessoas em situação de rua, mas já iniciou tratativas com a Secretaria de Assistência Social para estruturar um espaço de acolhimento. Enquanto isso, o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) central atende emergências pelo telefone.
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