Entrevistas foram produzidas no Centro Audiovisual da cidade e resgatam o desaparecimento de grande parte das antigas telonas
A saudade e a paixão pelos antigos cinemas de São Bernardo são os protagonistas do documentário Cine de rua, Cine na rua. O filme, em etapa final de produção, mobiliza profissionais do audiovisual impactados pela experiência e que lutam pela eternização das telonas regionais.
A urgência para o projeto ganhou holofotes entre alunos e ex-estudantes do CAV (Centro Audiovisual de São Bernardo), em 2023, quando o professor Evill Rebouças bateu despretensiosamente o olho em uma loja na Rua Marechal e viu, na realidade, história por trás de uma fachada: “onde estava a Riachuelo, só podia ver o ex-Cine Boreal! Uma história que se escondeu e o documentário quer imortalizar”, conta o produtor.
Segundo ele, foram quatro meses de filmagens. Uma produção independente, com 30 profissionais voluntários (20 apenas de animação), para a montagem do material que deve ter duas horas de duração e ser lançado até o fim do ano. Também em uma ação colaborativa, os equipamentos foram cedidos pelo CAV, assim como as despesas com transporte e aluguel de algumas ferramentas partiram de uma parceria com a Ortega Entretenimento. “A primeira ideia é buscar espaço com o filme em festivais e também repercutir localmente, até porque uma das coisas que mais nos marcaram foi a surpresa dos entrevistados mais jovens. A maioria só descobriu quando contamos que passam por locais que antes tinham outra dimensão e importância”, descreve Rebouças.
De acordo com o professor, as cenas também exploram estabelecimentos regionais além dos tradicionais espaços são-bernardenses Cine Boreal (demolido no Rudge Ramos), Cine São Bernardo (hoje loja de calçados), Cine Hawai (que funcionava no conjunto Anchieta), Cine Anchieta (agora comércio de roupas) e o Cine Popular (hoje Cine Center, único aberto da lista). Em um levantamento publicado pelo Diário no ano passado, das 43 unidades que já marcaram o Grande ABC, apenas três ainda mantêm a operação – uma em Santo André (Cine Theatro Carlos Gomes) e outra em Diadema (Cine Eldorado).
Segundo o produtor, o trabalho que toca nesta lacuna de desaparecimento buscou dar ênfase não só à memória de quem fez parte da história dos cinemas regionais, mas também da visão dos espectadores diante da ausência dos cinemas. “Um passo muito importante foi filmarmos em ruas de comunidades como Vila São Pedro, DER e da Favela do Sapo. São locais onde o cinema de rua ainda resiste, porque ali ainda se faz filmes. E também por causa dos coletivos audiovisuais, que exibem filmes em praças públicas”, conta Rebouças, orgulhoso, na esperança de que, “o documentário também seja semente para trazer esta experiência mágica de novo às ruas”.
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