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Difícil vida de conservador
Rodolfo de Souza
16/01/2025 | 08:46
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Gilmar


 Muito se tem falado ultimamente sobre esquerda, direita, sobre conservador e sobre quem nada aspira conservar. Papo recorrente que as mídias, com muita habilidade, propagam pelos quatro cantos em tempo integral, porque fomentar o amor ao sistema vigente é, afinal, o seu papel. 

E, verdade seja dita, na cabeça da população isso não passa de uma sopa de letras. São palavras que, embora conhecidas, dada a frequência com que são pronunciadas, vagam, sem rumo pelos caminhos incertos das mentes das pessoas comuns, aquelas que ganham a vida aos trancos e barrancos, que, todos os dias, passam horas espremidas numa condução lotada, que vê a escassez dos recursos minguarem os seus sonhos... Gente, para quem a vida é mesmo assim, não há o que se fazer: privilegia uns, enquanto outros sobrevivem com o suor do rosto, vendendo barato a força do seu trabalho, distantes anos-luz do universo que ajudaram a construir e que ajudam a manter. 

Só para tornar mais clara esta conversa, libertá-la dos rodeios e dos meandros da retórica politiqueira, conservador é todo aquele que almeja deitar a mão em tudo o que lhe garanta uma vida de regalias, temeroso que é de perdê-la para um povo que, por ter nascido no seio de uma família proletária, não tem direito a uma fatiazinha na divisão dos lucros. Cabe a este somente arcar com os prejuízos, situação corriqueira numa sociedade em que o mercado, por ser dono da bola, dita as regras num jogo em que a taça acaba sempre nas mãos dos mesmos. E esse mercado é tocado pela gente que trabalha duro para sabotar qualquer intenção de melhorar a condição da população mais simples, como se uma vida de fartura para as pessoas menos abastadas fosse um monstro impiedoso, com poder de lhes subtrair um quinhão de tudo o que lhes pertence, aos quais estão habituados desde o berço. Como se o fantasma da pobreza viesse tirar o sossego de suas noites bem dormidas em lençóis de linho e manchar seus alvos uniformes de golfe.

E é preciso meter na cabeça do populacho que o mundo fora concebido, desde o princípio, para servir os melhores pratos somente para uns poucos, os que nasceram para brilhar, para serem servidos. Que se conforme com sua sina, essa gentalha, bolas!

E o problema está justamente no conformismo do oprimido, doença que teve origem lá no alvorecer da civilização, quando o homo se tornou sapiens. É certo que alguns se rebelaram no decorrer da história, deixando um rastro de sangue pelo caminho, o seu sangue, uma vez que o conservador, sujeito que conserva nas mãos toda grana disponível, portanto, o poder, jamais engoliu esse negócio de ter que dividir o pão com o semelhante. Resultado disso é a desigualdade social aviltante que enfeia o mundo, porque torna bela a vida de somente uma pequena parcela da população, fenômeno ainda mais grave em alguns países que ostentam um abismo sem fundo entre uma classe e outra.

Destaque para o fato de que há conservadores muito ricos e outros não tão ricos. E há conservadores com um pé na lama, embora, não consigam enxergar com clareza a dura realidade que os cerca. 

Rodolfo de Souza nasceu e mora em Santo André. É professor e autor do blog cafeecronicas.com




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