Nega precisa de um lar

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Marcela Ibelli

Vejo diariamente histórias de bichinhos que necessitam de ajuda. Muitos sofrem violência ou são abandonados. Mas também chegam a mim casos de muito amor. Gatos e cachorros resgatados por pessoas que não pensam duas vezes em assumir a responsabilidade de salvar, reabilitar e cuidar deles. E a protagonista desta coluna precisa de você. Quando Luciana Lima, 42, viu uma cachorra atropelada no Jardim Guapituba, em Mauá, perto do Natal 2020, não conseguiu ignorar o sofrimento dela. Resgatou a vira-lata, a qual chamou de Nega. “Ela lesionou a coluna, precisou de cirurgia. Fiquei três dias cuidando e liguei em inúmeros abrigos para tentar um lar, sem sucesso. É praticamente impossível encontrar um canto para animais com deficiência”, lamenta a executiva de negócios. “Ela é muito dócil e inteligente”, afirma.

Hoje, a Nega – que tem 8 anos – está em abrigo. A vira-lata usa fralda descartável (tamanho P), pomada para assaduras, tapete higiênico e sabonete líquido. “Ela necessita de cadeira de rodas feita sob medida”, explica Karina Camargo da Silva, 31, responsável pelo abrigo. Formada em direito, Karina resgata animais desde a infância, mesmo com todas as dificuldades. “Antigamente os animais não tinham a 'voz' de hoje. Era mais difícil. Hoje, por causa da pandemia, a situação voltou a piorar, a quantidade de doações caiu muito. Mas sempre estendo a mão para eles”, conta a mauaense, que cuida de 19 bichos, sendo 17 cães e dois gatos. “Ter animal com necessidades especiais exige muita atenção, mas se tratar direitinho eles podem ter boa qualidade de vida.”

Mais do que ajuda com os produtos e com dinheiro – se quiser depositar qualquer quantia para a Nega e para os outros bichos, este é o caminho: pix (995138995); saiba mais no Facebook (Karina Camargo) –, a vira-lata e todos os abrigados estão à espera da adoção responsável por alguém que possa dar todo o amor e carinho que precisam. Conto com você, leitora e leitor, para, ao menos, divulgar essa história.

Nega é mais uma dos milhares de bichinhos com necessidades especiais que estão para adoção. Na Ampara (Associação de Mulheres Protetoras dos Animais Rejeitados e Abandonados), por exemplo, existem vários. “Primeiro que a pessoa que escolhe adotar um pet assim já está mais aberta a receber, o que é grande coisa. O adotante precisa adaptar o ambiente e a rotina para cuidar, mas não é tão complicado. Existe preconceito. A dica é ir atrás das informações para entender como pode agir da melhor forma”, explica Juliana Camargo, presidente da associação. “Infelizmente é rara essa adoção, eles são os últimos a serem escolhidos, mas é extremamente importante acontecer.”

Marcele Becker, vice-presidente da Ampara, sabe da alegria de adotar um ser especial. Ela acolheu Steve, cachorrinho cego, e antes dele teve um com a patinha amputada, que já se foi. “O Steve é esperto. Evito só trocar os móveis de lugar e o resto ele sabe exatamente o que fazer. Recebe todo o carinho e cuidado que precisa, mas, diferentemente do que muita gente acha, não é necessário mudar tanto a rotina assim. Os animais especiais superam as dificuldades, basta oferecer amor. São exemplos de superação.”

 

 




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