Há 20 anos acidente silenciou a voz de João Paulo

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Miriam Gimenes

 No dia 12 de setembro de 1997, os brasileiros acordaram com notícia difícil de aceitar: o cantor João Paulo, que fazia dupla com Daniel, perdeu a vida após seu carro capotar no Km 40,5 da Rodovia dos Bandeirantes, na região de Cajamar. O cantor havia acabado de se apresentar na Festa do Peão de Boiadeiro, no Espaço Verde Chico Mendes, em São Caetano. Mal sabia ele que aquele seria seu último show.

“Fiquei sabendo do acidente na hora em que acordei e foi muito estranho. Conversei com minhas amigas que tinham ido comigo ver a apresentação, que foi linda, e de repente aquela notícia: João Paulo não estava mais aqui. Muito triste”, lembra a assistente administrativa de São Caetano Amanda de Natos Gianecchini, 34 anos. O show, com duração de duas horas, segundo reportagem que o Diário publicou à época, teve público de 15 mil pessoas, que chegaram a pedir bis das canções.

Após o evento, os dois seguiram para o Park Plaza Hotel, em São Bernardo, onde estava organizada festa surpresa para Daniel, que havia feito aniversário havia pouco. João Paulo, no entanto, decidiu voltar para casa, já que não via a mulher, Roseni, e a filha, Jéssica, à época com 5 anos, havia quatro dias.

E seguiu rumo a Brotas, sua cidade Natal, com o segurança Paulo César Pavarini, que dirigia seu veículo, uma BMW. Quando pararam para tomar café e abastecer, João Paulo assumiu a direção, próximo ao pedágio do Km 39,4 da Bandeirantes. Logo depois, ele perdeu o controle do carro, que capotou várias vezes. O segurança conseguiu sair pelo vidro traseiro, mas João Paulo não. O carro explodiu e colocou fim à vida do cantor, que tinha apenas 34 anos.

A dançarina Cláudia Ballak, de São Bernardo, era coreógrafa dos bailarinos que acompanhavam a dupla e trabalhou com eles por dois anos. O show em São Caetano, no entanto, foi o primeiro em que ela e seu corpo de baile não participaram. “Mas fomos assistir e depois estivemos no hotel com Daniel. Estávamos lá no momento que chegou a notícia. Lembro como se fosse hoje.” Cláudia, que mora em Buenos Aires, recorda com carinho do cantor. “Era amável, respeitoso, educado, simpático e engraçado. Estava sempre sorrindo e fazendo piadas.”

Daniel, que gravou oito discos com João Paulo, também afirma lembrar com detalhes do show em São Caetano. “Até mesmo o momento em que a gente sentou no palco. Estávamos bem extrovertidos aquele dia. Foi show com energia parecida com a dos outros, mas foi especial.” Na última conversa que tiveram, já no saguão do hotel em São Bernardo, Daniel pediu para que o companheiro não viajasse. “A única questão que não consigo suprir é a saudade. A impressão é que cada dia ele está mais próximo a mim. Hoje lido melhor com as coisas, quando citam o nome dele, porque está sempre em meu pensamento. Não tem um dia em que deixo de pensar nele. Sinto saudade de tudo que a gente viveu, ele era formidável. João não tinha meu sangue, mas era meu irmão.”

No começo do ano, Daniel fez shows especiais em Brotas e convidou Jéssica, filha do João Paulo, para cantar a música Minha Estrela Perdida, como homenagem ao amigo-irmão.




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