Pelas ilhas do Titicaca com os nativos

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Rogério Santos/Especial para o Diário

Assim como o Brasil, o Peru é um país de muitos contrastes, que oferece inúmeras opções de passeio aos turistas. Uma experiência que vale a pena é ir até Puno, às margens do Lago Titicaca e visitar as ilhas que o rodeiam.

Lago navegável mais alto do mundo, o Titicaca está a 3.281 metros acima do nível do mar e possui extensão de 8.300 quilômetros quadrados, cortando o território peruano e também a Bolívia.

Fomos visitar três ilhas, estabelecendo contato com os nativos locais. Eles vivem em semi-isolamento, com costumes próprios e só deixam suas casas para comprar mantimentos ou estudar.

A primeira parada foi em Uros, região formada por ilhas artificiais feitas com totoras, um tipo de junco. É uma visita rápida, que dura cerca de três horas. Os nativos relatam que vivem ali e até mostram as casas onde moram. Os Uros são um povo pré-colombiano que desenvolveram as ilhas artificiais para viver em maior segurança e evitar o domínio de outros povos.

As famílias, ao longo dos anos, dependeram da pesca e da caça para sobreviver. Atualmente o turismo é uma nova fonte de renda para os nativos. As ilhas fazem rodízio para receber os visitantes, que podem comprar artesanatos e fazer o tradicional passeio de barco feito de totora (planta comum em pântanos da América do Sul), que é pago à parte.

EXPERIÊNCIA

Depois fomos até a ilha de Amantani, onde vivenciamos uma das melhores experiências de nossa ida ao Peru: passar uma noite na companhia de uma família local.

Chegamos por volta de 13h e fomos recebidos pelo ‘prefeito’ local, que separou os grupos que seguiam para as respectivas famílias que seriam responsáveis por recepcioná-los. Na ilha, o sistema de governo é itinerante, e a cada mês um clã é responsável pela administração local.

Nosso ‘papa’ – como ele se referia – nos conduziu para sua casa, onde vive com a mulher, o filho, a nora e os netos. Dois detalhes nos chamaram a atenção. O primeiro é que em Amantani não se come carne, apenas em festividades. O outro foi que apenas o ‘papa’ se sentava à mesa para comer e conversar conosco, num espanhol rústico. Na ilha, o idioma comum é o aymara, dos povos pré-colombianos.

Após a refeição, que incluía arroz, queijo assado e milho, fomos aos nossos aposentos para descansar um pouco. Percebemos que as instalações que são preparadas aos turistas são superiores às dos moradores. E embora houvesse eletricidade nos quartos, não havia chuveiro para tomar banho.

No fim do dia fizemos um passeio pela ilha, indo até um monte onde se tem uma belíssima vista do pôr do sol e do Lago Titicaca. Mas o melhor ainda estava por vir.

Após o jantar fomos convidados a participar de uma festa dos nativos de Amantani. Nela, homens e mulheres vestem roupas típicas dos nativos e vão bailar, ao som de músicas locais, tocadas animadamente por um grupo de adolescentes.

Após dançar e nos divertir muito, voltamos para o nosso ‘quarto’ para uma agradável noite de sono. No dia seguinte, após o café da manhã, tivemos de nos despedir de nosso anfitrião, já com saudade e o desejo de voltar numa outra oportunidade.

Seguimos então para Taquili, última parada no tour pelo Lago Titicaca. Na bonita ilha, moram cerca de 2.000 pessoas, que usam vestimentas bem características. Lá é possível saber quem é casado ou solteiro pela peça que se usa. Após o passeio pela praça central, onde acontecem as festividades locais, fomos almoçar. Optei por uma deliciosa truta com arroz e batatas, prato típico da região.

Já era hora de voltar, e seguimos nosso rumo, com a satisfação de ter vivenciado momentos incríveis com uma gente simples, mas muito hospitaleira. A visita pelas ilhas é mais que recomendável para quem vai para o país andino.  

No Vale do Colca há apreço pelas forças da natureza

A cultura inca é muito rica e tem um apreço especial pelas forças da natureza. Além do sol, os incas veneravam três animais de maneira especial: a cobra, o puma e o condor.

Parente do urubu, o condor é uma das principais aves de rapina da América do Sul. No Peru, há um local onde se pode ver o voo dessas magníficas aves. Trata-se do Vale do Colca, localizado na cidade de Arequipa, duas vezes mais profundo que o Grand Canyon, nos Estados Unidos. Lá é possível chegar a 4.910 metros acima do nível do mar para visualizar o espetáculo protagonizado pelo condor.

Há um dito popular na localidade segundo o qual apenas pessoas com boas energias podem ver o voo do condor. Tivemos esse privilégio. 

Por ser muito pesado, o condor não voa, mas sim plana, auxiliado pelas correntes de ar quente daquela região. A região do Vale do Colca é rica em belas paisagens, povoada por povos pré-incas e por cidades fundadas na época colonial espanhola. 

As populações locais mantém suas tradições ancestrais e continuam a cultivar os terraços agrícolas construídos pelas civilizações antigas. 

A exuberância da natureza praticamente intocada nessa região do Peru faz de Arequipa e do Vale passeios obrigatórios.

Gastronomia fantástica e convidativa

A gastronomia peruana é conhecida mundialmente por sua variedade e sabor únicos. Nas cidades peruanas comer não é caro, e mesmo com a moeda brasileira desvalorizada pode-se se alimentar bem sem gastar muito. Um menu – opção com entrada, prato principal e sobremesa – sai por aproximadamente 15 soles (R$ 15), a moeda peruana.

Assim como na Bolívia, arroz, batata, milho e frango são a base da alimentação no Peru. Sendo assim, é possível encontrar inúmeras opções do tipo. A truta ou frango ‘à la plancha’ com arroz, batatas fritas e legumes é encontrado em todo restaurante, seja ele refinado ou popular.

Outra deliciosa opção ao viajante são os bolinhos de batata assados e recheados com ceviche e carne de alpaca com batata e legumes. E por falar em ceviche, provei o mais conhecido prato da culinária peruana em Arequipa e confesso que esperava mais.

Outra opção deliciosa é a carne de alpaca grelhada, acompanhada de arroz e batatas. É maravilhoso. Uma opção comum, mas que preferi não encarar foi o ‘cui’, nada mais que um porquinho da Índia no espeto, servido sem cerimônia.

Para beber, o Pisco Sour é uma boa pedida. Trata-se de uma batida de limão, pisco (aguardente de uva) e um pouco de clara de ovo. Outras opções são a Inka Kola, refrigerante muito consumido no país, além das cervejas Cristal e Cusqueña.

Em Arequipa, encontramos uma sorveteria que produz os gelados na hora. Você recebe o cardápio, escolhe a combinação e aguarda a refrescante delícia ser preparada ali, na sua frente. Imperdível. Uma coisa é certa. É possível comer muito bem no Peru, não importa o seu orçamento.<TL>

 

 




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