O grande dia também é deles

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Marcela Munhoz

Corta para as décadas de 1970, 1980 e até 1990. Mulheres são pedidas em casamento, começam os preparativos, o pai da noiva assume as despesas, afinal, é tradição. O noivo cuida da lua de mel, da casa. Mas em relação à cerimônia e à festa deve se preocupar apenas com duas coisas: chegar arrumado (com a roupa que ela escolher) e dizer ‘sim’ quando o padre perguntar. Pois é. Parece que as coisas mudaram, e muito. Ainda bem.

Primeiro: casar não é algo que todo mundo deseja mais tanto assim. Segundo: não existem só mais noivo e noiva, tem também noiva e noiva, noivo e noivo. Terceiro e o mais essencial: o casal agora ganhou, finalmente, o protagonismo da celebração. É quem toma as grandes decisões, escolhe todos os detalhes e paga por tudo o que deseja. Noivas e noivos assumindo as rédeas, os eventos têm ganhado cada vez mais personalidade e também mais felicidade, envolvimento.

“Os casais têm voz ativa agora, a pressão social não existe mais e tudo acaba ficando com a cara dos dois. Essa mudança reflete, inclusive, no visual do evento. Além disso, muitos já moram juntos e conhecem o gosto e o jeito do outro, então, organizar a celebração e a festa acaba sendo bem natural. E são vários os motivos que os fazem oficializar a união. Às vezes, é para agradar aquela vozinha que sonha ver a neta de noiva, outras, é porque desejam que os próprios filhos participem. Enfim, com tudo isso, eles acabam vendo mais significado e aproveitando muito mais”, explica Flávia Fiorillo, especialista do iCasei (www.icasei.com.br).

E eles têm grande responsabilidade nesta mudança de perfil. Muitos – ainda não são todos –  fazem questão de estar com a companheira nas reuniões com assessoria, bufês, igreja, decoração. Sugerem cores, músicas, trajes, homenagens. “Tudo flui melhor quando o casal decide junto o que quer. É a etapa inicial de uma vida a dois. Terão de aprender a ouvir a opinião do outro, ceder, adquirir paciência, a sentir o que o outro deseja, superar anseios, frustrações e chegar ao equilíbrio. A preparação exige tempo, em média, um ano. Então, é melhor curtir tudo”, acredita a assessora e organizadora de casamentos, Ana Ligia Oliveira dos Santos (www.casarassessoria.com.br).

 Depois de quase três anos do dia do ‘sim’ com Jéssica Reis Queiroz, Marcel Robledo Queiroz (foto que abre esta reportagem) ainda se emociona ao lembrar de todo o processo. “A tomada de decisões começou a ser compartilhada desde o namoro. Inclusive decidimos juntos qual era o momento de casar. Claro, teve o lado romântico da entrega do anel de noivado, mas foi simbólico. Então, absolutamente tudo ficou do jeito que os dois queriam”, conta. Hoje os pais de Elisa, 5 meses, garantem que tudo valeu a pena. “Foi desafiador, principalmente nos pontos que a gente discordava, mas fez parte da construção do nosso relacionamento”, diz Jéssica. “Recomendo demais que os noivos aproveitem cada segundo. Garanto que os preparativos ajudam a fortalecer a união e a experiência é usada depois. Afinal, o casamento em si é só um detalhe. Depois que a festa acaba e os convidados vão embora é que realmente começa o mais importante”, finaliza Marcel.

JUNTOS NOS SONHOS 

E ORÇAMENTOS

Após dois anos de preparativos, em setembro será a vez de Carolina Di Lullo e Felipe Rezende Ribeiro verem sendo realizado tudo o que estão organizando. Juntos há quase dez anos, eles decidiram cuidar aos poucos do casamento, já que serão eles quem vão bancar 100% dos gastos da ‘brincadeira séria’. “Contratar os serviços com bastante antecedência nos garantiu ótimas negociações e tranquilidade para saber que estávamos escolhendo o que realmente queríamos”, conta o noivo que, segundo ele, sempre tentou estar junto da noiva na opção dos serviços e detalhes. “Confesso que não ajudo muito em termos de escolher os itens que estão ‘na moda’, já que não entendo nada disso. Mas a Carol sempre foi bem decidida e confio muito nas escolhas dela”, diz. A noiva confirma. “Na verdade, a festa de casamento sempre foi um sonho meu. O Felipe não fazia questão e, inicialmente, me preocupei. Porém, como ele é e sempre foi muito parceiro, não me deixou sozinha nessa. Abraçou minha ideia e fez dela uma coisa nossa.”

Casar como manda o figurino também não estava nos planos de outro Luis, o Luis Felipe Pereira. “Desejava ter uma casa e viajar pelo mundo, mas a Cris disse que abriria mão do sonho dela de ter um casamento com todas as formalidades para ficarmos juntos. Minha resposta foi imediata: ‘O sonho não é só seu, é nosso”, e mergulhei de cabeça nos preparativos. Não imaginava que tinha tanta coisa, mas quer saber? É um mundo fantástico e sairá tudo da maneira que escolhemos”, conta. O grande dia do casal será em novembro. “O que mais tem me surpreendido é que o Felipe não se baseia somente no que ele já viu ou ouviu por aí, ele costuma pesquisar, perguntar e sempre se inteirar do serviço em questão. Ele faz o papel do crítico. A importância de ele participar de tudo isso, saber que a pessoa que eu escolhi para passar o resto da minha vida se preocupa com os meus sonhos e participa ativamente deles”, se derrete a noiva Cristiane Cantu.

Claro, não é por que o noivo está participando ativamente de tudo que o grande mistério que ronda os casamentos há décadas precisa entrar no pacote. Manter a surpresa em relação ao vestido da noiva ainda é escolha da maioria dos casais. “Fernando só não imagina como será que vou aparecer vestida, pois essa parte quero que seja revelada só na hora. De resto, ele está em todas. Inclusive me acompanhou na Rua 25 de Março dias desses para ver mínimos detalhes, como acessórios para a festa. Aproveitamos para ver coisas de cama, mesa e banho. Sim, ele também está me ajudando no enxoval”, conta animada Maria Isabel Moraes Pereira. O casamento será só em junho de 2018, mas Fernando Manchini da Silva não vê a hora. “Vão ter coisas na festa que os dois escolheram, assim como na nossa casa. Não será um momento especial só para a noiva, mas para mim também. É um dia do casal”, finaliza.




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