Com a mão na terra

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Vanessa Ratti

 A rotina agitada, muitas vezes, faz com que as refeições sejam feitas de maneira errada: com alimentos rápidos e artificiais. Comprar comida orgânica em feiras específicas pode ser solução, mas ter pequena horta em casa é algo a ser – e muito – considerado. E mais: nem dá tanto trabalho assim. Carol Costa, especialista em paisagismo e jardinagem, ajuda muita gente a dar esse passo. Ela alimenta o site minhasplantas.com.br – onde, desde 2012, posta vídeos ensinando a cuidar de flores e plantas – e também faz parte do Mais Cor Por Favor, do GNT.

 
Carol mora em um apartamento com 181 orquídeas e uma jabuticabeira, que chama carinhosamente de Mimosa. O último feito da jornalista foi lançar o livro Horta em Vasos (Editora Matrix, 100 págs., R$ 32, em média), que contém cartas com dicas de plantas ideais para cultivo no lar. “É a grande revolução, não tem mais volta. Muda muito o gosto colher tomate recém-tirado do pé do que o encontrado no supermercado”, diz. E para ter esse gostinho, Carol revela que precisa colocar a mão na massa. Ao falar com a jornalista, a Dia-a-Dia teve a percepção de qual o lema dela: alimentar-se da forma mais natural possível. Ao ligar para o celular da entrevistada, o mesmo foi atendido por uma amiga, que dizia: “Só um minutinho, a Carol está com as mãos cheias de terra”, logo ela explica: “Estava cuidando de horta para uma gravação. Descobri o que amo fazer da vida”, conta a jornalista.
 
PREPARAÇÃO
A percepção de que cada um pode plantar e comer todo o tipo de alimento é o que Carol deseja mostrar. Muitas coisas são descobertas a partir da primeira horta. As minhocas, borboletas e passarinhos serão presenças certas. As primeiras dicas para os leigos são: fuja do trio alecrim, hortelã e manjericão na mesma floreira. “O alecrim é mediterrâneo, precisa de areia, não gosta de umidade e prefere vento. Com o manjericão é o contrário. Ele requer adubo, terra vegetal. No caso do hortelã, é hortaliça de sombra, que gosta de umidade e tem raízes invasoras. Se for plantado junto com algum outro, morre de sede”, explica. A segunda dica é deixar as plantinhas em local que bata sol. Engana-se quem pensa que só a claridade ajuda. A explicação é simples: Se não tem sol, não dá para ter horta. “Essas plantas não vão crescer só com sombra por mais de um mês. A gente tem que ir plantando e consumindo. Tem que ser um processo rápido.”
 
Não é necessário ter muitas ferramentas. O ideal é que sejam adquiridas enquanto as plantas crescem. Os materiais podem ser encontrados em gardencenters, floriculturas, casas agrícolas, supermercados e pela internet. Outro ponto importante é manter as pragas – cochonilha, formiga-cortadeira, lesma, caramujo, mosca-minadora e pulgão – longe da horta. Óleo de neem diluído na água pode ser eficiente, além de inseticida aplicado no verso das folhas. Por último, e talvez o mais importante conselho da Carol é: não tenha mais plantas do que você consegue cuidar. Vá aos poucos!
 
Além de todos os benefícios para a saúde, ter horta também pode fazer bem para o bolso e para o ambiente da sua casa. As plantas aumentam a absorção da água das chuvas, deixam o lugar mais colorido, diminuem estresse, ansiedade, depressão e reconectam as pessoas aos ciclos da natureza. “O espaço deixa de ser a horta do seu apartamento e passa a ser integrada nele, alimenta o solo, mantém a casa fresca e ajuda nos poluentes”, enumera Carol. Por isso vale a pena tentar.
 
 
AS TOPS
A paisagista criou lista das cinco melhores plantas para iniciantes cultivarem em casa. São elas:
 
1 – MANJERICÃO: É o queridinho da horta, pois vive por até dois anos. Se podado, volta com mais vigor. Em dois meses já dá para ver resultado. Porém, é argiloso e precisa que as superfícies sejam molhadas sempre que estiverem secas, além de bastante sol. O melhor é que não faltam receitas para usá-lo. A planta ajuda contra bactérias que agem no corpo e também pode prevenir problemas no coração.
 
2 – ALECRIM: Não se dá bem no litoral brasileiro, porque odeia calor. Mas nada que areia no solo não resolva. Mesmo assim, o sol pode bater no vaso o dia todo até secar entre uma rega e outra. Em dois meses já pode trazer para dentro. É famoso remédio natural contra a enxaqueca.
 
3 – TOMILHO: Shakespeare dizia que as fadas moravam num pé de tomilho e pode ser que a fada do dente tenha saído ganhando nessa história, já que essa planta produz timol, usado na pasta de dente e antisséptico bucal. Para ele, o cuidado é simples: muito sol, um pouco de areia e o mínimo de água possível (com a ponta dos dedos) e em dois meses está bem ‘grandinho’. O chá de tomilho pode ser considerado como antibiótico natural.
 
4 – RABANETE: Essa é a melhor planta para quem quer ver a horta pronta logo. Em 28 dias o rabanete já dá as caras. Colher antes também é uma boa para fazer salada de mini-rrabanete e convencer as crianças a ingerir alimentos nutritivos. Bastam quatro horas de sol por dia e molhar sempre. É agente de combate ao câncer e pode ajudar a perder peso.
 
5 – PIMENTA: Muita gente tem medo da ardência da pimenta, mas ela está entre as queridas das hortas em casa. Gosta de terra fofa, sol e quando seca, precisa ser regada. Leva de dois a quatro meses para germinar e é rica em fibras e vitaminas C e B6.



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