'ô, lá em casa'

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Oscar Brandtneris

 Gastronomia é a moda da vez. Variados programas de TV colocam as habilidades de cozinheiros à prova. E mesmo quem não é profissional gosta de exibir seus pratos gourmet nas redes sociais. A verdade é que o mundo nunca esteve com tanta água na boca para novas experiências e sabores. Não à toa que projetos como o Chef Lá em Casa, do andreense Filipe Santos, tem dado tão certo (www.cheflaemcasa.com.br).O segundo vencedor do reality Cozinha Sob Pressão, do SBT, pode ser contratado para tornar a experiência de uma boa refeição ainda mais especial. Ele cozinha o menu na casa do próprio cliente.

A Dia-a-Dia participou de um destes jantares, realizado em plena noite quente de uma quinta-feira. Os felizardos da vez foram Flavio Santos e Ayumi Suenaga, um simpático e animado casal que vive em Santo André e topou a parada de se deliciar com as invenções de Filipe. Segundo o anfitrião, toda a parte entre a sala e cozinha foi pensada justamente para receber os amigos. “Eu e a minha esposa adoramos cozinhar, trazer o nosso pessoal para cá. A ideia é que todos fiquem à vontade mesmo”, ressalta.
 
Logo de cara, deu para notar a primeira regra da proposta: não dá para cozinhar sem uma boa música. Junto ao cesto com os ingredientes que Filipe utiliza para fazer a entrada, o prato principal e a sobremesa, há também clássicos como Miles Davis, Jorge Ben, Pixinguinha e Luiz Melodia para temperar a noite. Se caso o cliente não tiver uma vitrola para fazer os discos cantarem, ele mesmo faz questão de levar seu próprio equipamento.
 
 
Depois da trilha trazendo sabor ao ambiente, é hora do que interessa: começar os trabalhos para encher a barriga do pessoal. “Primeiro eu pergunto se os clientes têm alguma restrição alimentar ou se não gostam de determinados alimentos ou ingredientes. Então, sempre apresento duas opções de entrada e pratos principais”, explica.
 
Na ocasião, o menu (que pode ser visto na íntegra no fim desta reportagem) tinha bruschetta com lula, beterraba e aspargos de entrada. Já o prato principal ­– que precisou ser alterado, pois a primeira ideia não agradou ao próprio chef quando ele testou a receita em casa – foi um risoto de maçã verde e limão siciliano sob um pargo (peixe) com casca.
 
Durante o preparo das refeições, cada cliente participa de um jeito. “Alguns, quando há uma cozinha americana com bancada, vão observando todo o processo para aprenderem enquanto beliscam aos poucos a comida; outros me pedem espécie de aula particular e eu vou orientando, mas são eles que colocam a mão na massa”, diz.
 
E o bate-papo e a música rolam soltos durante toda a noite. A língua só para de falar para degustar o que está saindo fresquinho da cozinha. As bruschettas, aliás, ficaram uma delícia. Com um toque bem suave do gosto da beterraba, foi possível experimentar algo totalmente novo sem que o paladar estranhasse tanto. Depois do silêncio digno de quem valoriza uma boa comida, os elogios chegam em avalanche. “Sério, Filipe, você é sensacional”, dispara Ayumi.
 
E como não poderia deixar de ser, os olhos voltam novamente para a vitrola. O disco Acabou Chorare, dos Novos Baianos, anima os estômagos cada vez mais satisfeitos e ansiosos por uma dança acompanhada pelo prato principal: o risoto. Ninguém que experimentou conseguiu encontrar um adjetivo que achasse ideal para descrevê-lo. E não é questão de puxar o saco. As fatias de maçã verde casaram bem com o arroz cremoso e macio, que só restou comer um prato todo e ficar torcendo para que sobrasse mais. Óbvio que não deu, pois ninguém foi capaz de recusar.
 
E espaço para a sobremesa não faltou: espuma de manga, sorvete de tapioca e caramelo de gengibre, tudo junto em uma taça ou em um prato fundo. A sobremesa é campeã, no sentido literal, inclusive. A ousada criação foi uma das responsáveis para que Filipe Santos ganhasse o reality. O chef, porém, não abre o jogo quando o assunto é o preço que cobra para visitar – e cozinhar – na casa dos clientes. Ele prefere deixar o mistério no ar, misturado ao aroma inebriante de suas receitas. Mas, quer saber de uma coisa? Vale a pena pagar. O paladar agradece.
 



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