O Anfiteatro Arquimedes Ribeiro, em Ribeirão Pires, será palco neste sábado (19h) da pré-estreia de Mea Orbis - O Filme, projeto que explora questões de gênero, raça e sexualidade a partir de uma perspectiva afrocentrada e feminista. A produção, idealizada, dirigida e roteirizada pela artista Paula Lira, conta a história de uma mulher negra, obesa e LGBTQIA+ em sua jornada de autoconhecimento e resistência.
O filme é inspirado no álbum homônimo da cantora e compositora Camila Nazareth, também de Ribeirão Pires, e apresenta um formato de álbum visual, acompanhando as quatro músicas que compõem o disco, além da inédita Nanã. A exibição será seguida de um bate-papo com a equipe de produção, e a entrada será gratuita.
Em conversa com a equipe do Diário, Paula Lira revela que a ideia de produzir o filme surgiu em 2023, após a artista assistir ao show de Camila em bar na região do Centro Alto de Ribeirão Pires. “Ela estava se apresentando e numa das músicas eu comecei a ver imagens em cima, ver uma história contada em imagens, e pensei: nossa, eu quero fazer um clipe dessa música”, explica.
Depois que Camila topou a parceria, Paula ouviu todo o álbum da cantora e afirma ter passado por um processo criativo intenso até chegar na conclusão do filme. “Comecei a construir uma história que não era a história que estava descrita na música. Mas eu comecei a escrever uma história que estava vindo para mim e organizei isso num texto”, declara a diretora.
Paula revela que foram dois processos criativos que se encontraram. “Quando ela me falou sobre o que significava o álbum, essa jornada também de autoconhecimento dela tentando sair de uma situação extremamente conservadora e se colocando no mundo, juntas, a gente queria dar um final para esse filme, e aí ela contou que tinha uma música que ainda não foi lançada que é Nanã e eu falei: perfeito é isso”.
A produção, que teve como cenário a própria Ribeirão Pires, tem uma equipe majoritariamente feminina. Segundo Paula, Mea Orbis - O Filme se propõe a abrir um espaço para reflexões profundas sobre identidade, ancestralidade e autodescoberta.
O curta-metragem também destaca a relevância de assumir o controle das próprias narrativas. Como menciona a própria cantora Camila Nazareth, “viver sem reflexo por tanto tempo pode te fazer questionar se você realmente existe”, uma citação que carrega um simbolismo no contexto do filme, que coloca essas questões no centro da tela.
Além da pré-estreia local, o filme estará disponível no YouTube no dia seguinte, neste domingo, às 19h, ampliando o alcance e dando visibilidade à produção para um público ainda maior. O projeto foi financiado pela Lei Paulo Gustavo 195/2022, do governo federal, e operacionalizado pela Prefeitura de Ribeirão Pires, por meio da Secretaria de Educação e Cultura.