Aventura sob duas rodas

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Miriam Gimenes

 Para quem gosta de curtir a vida sobre duas rodas, um dos sonhos de consumo – senão, o único – é cruzar as estradas em busca de novas aventuras. Transportado pela moto, além de sentir o espírito de liberdade que ela proporciona, é possível conhecer alguns destinos, culturas e pessoas que, com certeza, marcarão pelo resto da vida.

E foi justamente isso que os amigos, o jornalista e professor universitário Pedro Pimenta, de São Bernardo, e o publicitário e ilustrador Claudio Vagner, fizeram no início deste ano. Durante 11 dias, partindo de São Paulo, percorreram quatro países (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile) – um total de quase 8.000 quilômetros – e voltaram cheios de histórias para contar.

Entre um oceano e outro encontraram aventureiros, gente simples, motos de todos os tipos e motociclistas de vários países com muitas histórias diferentes. Sol, chuva e ventos fortes, além de paisagens de tirar o fôlego, estiveram presentes em todo percurso.

Confira, a seguir, o relato escrito por Pimenta e, no quadro, as dicas de viagem da dupla. Os amigos tomaram tanto gosto pela experiência que já estão pensando no próximo destino.

“Além de jornalista e professor universitário, sou piloto de testes de moto e, há muito tempo, sonhava com uma viagem internacional sobre duas rodas. Já havia rodado boa parte do Brasil, mas faltava ainda a realização do sonho além das fronteiras brasileiras. Em um test-ride com um Scooter 450 até Santos para edição em uma revista, lá, na praia do Gonzaga, admirando o Oceano Atlântico, comecei a pensar como seria chegar do outro lado da América do Sul com uma moto.

A ideia na cabeça, que não parava de ‘martelar’, foi tomando forma quando meu amigo de tempos de faculdade Claudio Vagner, hoje publicitário, topou o desafio. Assim, traçamos uma rota internacional que percorreu Brasil, Uruguai, Argentina e Chile.

Os desafios param ambos foram iguais: apoio financeiro, convencer a família, preparar as motocicletas, planejar as etapas, estudar roteiros, fazer reservas de hotéis, verificar o que comer e estudar um pouco a língua, cultura e costumes dos países que seriam visitados. Depois disso tudo, o mais fácil e prazeroso foi acelerar as motos.

Assim, o que começou com um simples pensamento terminou quando chegamos em Antofogasta, no Chile, do outro lado da América do Sul, depois de 11 dias de estradas, quatro países percorridos e muitas histórias para contar. Sol, chuva, ventos fortes, gente de todo tipo e culturas diferentes, além de paisagens de tirar o fôlego, estiveram presentes em todo percurso.

Para esta longa viagem usamos duas motocicletas BMW, uma 800 e uma 650. Ambas rodaram bem e enfrentaram poeira, buracos e até o frio do deserto do Atacama. Na viagem passamos por São Paulo, Paraná, Ciudad del Lest (Paraguai), Formoza, Corrientes, San Bernardo, Pampa del Inferno, Resistência, Salta e Purmamarca (Argentina).

Entramos no Chile pela Cordilheira dos Andes, subindo 2.470 metros para depois passarmos em Calama, Sierra Gorda, Mejillones, San Pedro de Atacama e o Deserto do Atacama, Taltal, Mantos Blancos e, por fim, Antofogasta, banhada pelo Oceano Pacífico, cidade mais a Oeste da América do Sul saindo do Oceano Atlântico. No mar gelado do Pacífico é claro que dei um bom mergulho, não dava para perder a oportunidade, mesmo com o frio de 2°C.

A gastronomia também merece relato, e, assim, experimentamos o arroz portenho, a asada, carbonada, frango na pedra, truta a la argentina, choripan, o bife de chorizo e os alfajores argentinos devem ser provados. No Chile pastel de choclo, ceviche, empanadas, pisco, mote con huesillos, entre outos, precisam estar em sua lista de desejos.

Ah, já estamos pensando na próxima: Machu Picchu ou Rota 66, nos Estados Unidos? Bem... o tempo dirá!"

DICAS DE VIAGEM PARA O PILOTO
Documento de identidade – o ideal é ele ter menos de cinco anos de emissão;
Passaporte – é recomendado levar, porque facilita bastante a entrada nas Aduanas (alfândegas) – países do Mercosul não exigem visto de entrada;
CNH (Carteira Nacional de Habilitação) dentro do prazo de validade dos dois motoristas;
PID (Permissão Internacional para Dirigir) – não é obrigatório, mas facilita contato com os agentes de trânsito locais. Esse documento é obtido apenas nos Detrans;
Seguro pessoal de viagem e de vida para o período da viagem;
Seguro Carta Verde –obrigatório para quem transita pelos países do Mercosul, garupa também precisa desse seguro, bem como RG ou passaporte;
Carteira de vacinação comprovando ser vacinado contra Febre amarela (piloto e garupa).

PARA A MOTOCICLETA
CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos) – se a moto estiver em nome de outra pessoa levar carta de autorização com firma reconhecida e com todos os dados do proprietário, além dos seus, inclusive data inicial e final do empréstimo.

ESTUDE O ROTEIRO DAS ESTRADAS
Antes de viajar é importante informar-se sobre o estado das estradas e se a pista é asfaltada. Dezembro, janeiro e fevereiro costumam ser meses de chuva e as estradas ficam com trechos difíceis e esburacados.
Em cada parada para abastecer, se encontrar motociclistas voltando, não hesite, pergunte. Atenção com animais na pista principalmente no norte da Argentina e Peru. Prefira andar em grupo.
Se der problema nos veículos durante o trajeto, procure o auxílio da polícia local. Evite viajar à noite. Verifique a distância entre os postos de abastecimento para não ficar sem combustível.
Respeite os limites de velocidade. Mapas rodoviários atualizados e GPS são extremamente úteis.

CUIDADOS COM O DINHEIRO
Cartão de crédito internacional é aceito em todos os países, porém, alguns aceitam um tipo de bandeira, outros não. É melhor verificar antes. Troque dinheiro nas casas de câmbio sempre que entrar no País, é mais seguro. Ter dólares em mãos também é boa opção.

KIT APOIO/SOCORRO
Água, barras de cereais, protetores solar e labial, jaquetas e calça com forro para frio e impermeável no inverno ou especiais para uso no verão, capa de chuva, luvas especiais para frio e chuva e outro par de luvas ventiladas, botas impermeáveis, bala clava (de marca boa), lanterna, jogo de ferramentas, emendas para correntes, graxas e óleo para lubrificação, medicamentos básicos, câmaras de vídeo ou fotográfica de reserva. Importante fazer uma revisão em toda a moto antes da viagem e colocar itens de segurança necessários para a viagem.

OUTRAS INFORMAÇÕES
Fique atento às informações sobre a altitude, seus efeitos são muitos severos, podendo variar dependendo do organismo de cada um. Existem chás e remédios que amenizam os efeitos da altura. Cuidado com a alimentação e água que toma, em alguns locais não possuem fiscalização e as condições de higiene são muito precárias. Não esqueça uma câmara fotográfica ou um celular com cartão de memória para guardar as fotos, aliás, cuidado ao tirá-las. Evite fotografar ou filmar com a moto em movimento.




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