Sustentável e Clean

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Kelly Zucatelli

Uma edição que mescla cores em adereços e mobiliários, que brincam muito bem com revestimentos de paredes em tons pastel, em meio a jardins de plantas exóticas tanto em áreas planas quanto verticais, privilegiando a iluminação natural. Assim é a Casa Cor São Paulo 2018, que está de portas abertas até o dia 29 de julho, no Jockey Club de São Paulo, com 82 ambientes, entre casas, lofts, lounges, salas, banheiros, estúdios e apartamentos.

E a temática sustentabilidade, lembrando que este é o mês do meio ambiente, é explorada, em diversos ambientes. Nas paredes, por exemplo, foram usadas placas cimentícias de fibrocimento – uma composição de fibras vegetais mineralizadas –, além da madeira de demolição em alguns espaços, como portas, poltronas e mesas, entre outros.

Sistemas de reutilização da água em áreas verdes também marcam os projetos apresentados. Eles podem ser encontrados na Casa Sustentável, uma edificação do clube tombada pelo patrimônio histórico, que passou por algumas adaptações, que apoiaram os projetos de arquitetura do circuito, levando em conta a preservação do patrimônio existente, os materiais, o uso dos ambientes e os hábitos dos usuários.

A criação oferece também paisagismos com hortas e espécies de plantas em vasos autoirrigáveis, com baixo consumo de água e paredes vazadas, o que facilita nos cuidados e também na utilização dos recursos naturais, como a umidade do próprio ambiente, ajudando na irrigação de plantas, sem muito trabalho. Janelas grandes, que possibilitam a entrada da luz natural e melhor ventilação, também são tendência.

Os decks de madeira plástica têm muita presença nos jardins da Casa Cor São Paulo. As peças são práticas e têm ranhuras antiderrapantes, proporcionando melhor acessibilidade e reaproveitamento de materiais. Nos espaços internos de salas, quartos, cozinhas e lounges, muito se vê soluções para melhor flexibilidade, uso de tecnologias, mobiliários de fácil montagem e desmontagem, que podem ser reaproveitados, além da iluminação em LED.

Trabalhos de restauração também são vistos de diversas formas. Na Casa Sustentável, como não é possível fazer muitas interferências, o piso e o forro de madeira foram tratados e pintados, algum com tinta brilhosa. Os mobiliários em CLT (madeira laminada colada e cruzada) e o revestimento da cozinha em pastilhas com garrafas PET na composição, além do piso vinílico reciclável, também foram implementados.

“Pensamos em estruturas de madeira de fácil desmontagem e rodapés feitos de isopor reciclável. Sobre o incentivo do hábito, tivemos a ideia de colocar uma sapateira do lado de fora da casa, para que as pessoas deixem seus sapatos e não sujem o ambiente interno. O sistema de automação da Casa Sustentável não precisa de tantos fios, os aparelhos são conectados por celular. Também é possível fazer o gerenciamento do consumo de água, por meio do sistema smart link, que faz o monitoramento em tempo real e identifica microvazamentos, para que não haja desperdício”, detalha a arquiteta responsável pelo projeto Larissa Silva.

O arquiteto Gustavo Martins apostou na transformação de itens recicláveis para compor ambiente de cores neutras como peças customizadas, como madeira de barco e cordas náuticas para criar poltrona. Também decorou o ambiente com vasos de papelão reciclado do artista plástico Tótora.

No projeto da sala de estar, o profissional acrescentou jardim vertical que não precisa de irrigação, pois consegue se manter com a umidade do próprio ambiente, pois utilizada espécie de planta baixa e de forte resistência.  

A mostra de ambientes deste ano tirou um pouco de cena o protagonismo dos recursos tecnológicos – muito vistos em anos anteriores – para investir em possibilidades que podem misturar elegância no pano de fundo, prioritariamente formado por cores neutras, trazendo as plantas como protagonistas principais da trama e a aplicação de pastilhas em salas e cozinhas. Outra tendência observada são os pontos vazados na criação de guarda-roupas, estantes, cadeiras, balcões de cozinha, e para separar lavatórios em banheiros públicos.

As mesas de centro também continuam fazendo parceria com os sofás extensivos e aconchegantes. Elas são de todos os tipos na Casa Cor São Paulo,  transparentes, de madeira, com patina, de estilo provençal clássico.

Banheiro: um ambiente de possibilidades

O arquiteto Gabriel de Luca, de Santo André, marca sua estreia na mostra trazendo algumas inspirações de Milão em seu projeto, o Recinto do Bosque, banheiro de 26 metros quadrados, com espaço para o uso do porcelanato, madeira clara e toques verdes representados em plantas.  

“Apesar de ser um banheiro privativo, pensamos em propor uma relação entre o espaço interior com o exterior, mostrando que mesmo sendo um banheiro é possível propor algo que ofereça conforto.”

A linealidade desenhada possibilita a incidência da luz natural durante o dia, e para a noite foram escolhidas luminárias de LED, que proporcionam economia da energia e valorizam o recorte do espelho em simetria com as cubas escuras, acompanhadas pela mesma tonalidade dos metais. As plantas foram colocadas no beiral superior do espelho. 

“O projeto de paisagismo contou com suculentas, que são práticas e necessitam de menos regas que outras. Usamos também a madeira clara, como tendência em Milão, e mobiliários brasileiros, como a cadeira de madeira maciça de formato ortogonal”, explica De Luca.




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