Legítima defesa

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Miriam Gimenes

Há pouco mais de um ano, a estudante andreense Vitória Prieto, 15 anos, passou a sair de casa para se divertir. Por incentivo do seu pai, o autônomo William Prieto, 48, começou a treinar krav maga, método de defesa pessoal israelense que cada vez mais tem ganhado adeptos no Brasil. “Queria que ela soubesse se defender, até por estar saindo à noite. Acho importante. Vemos muitos casos de violência todos os dias nos jornais”, disse o pai, que a acompanha semanalmente nas aulas, dadas na Academia Tênis & Cia. (Rua São Francisco, 55), em Santo André.

Desenvolvido em Israel por Imi Lichtenfeld, na década de 1940, o krav maga não é uma arte marcial e sim a única modalidade reconhecida mundialmente como arte de defesa pessoal. Foi criado para que, a partir do treinamento adequado, qualquer pessoa – independentemente de sua idade, sexo ou forma física – possa se defender de um ou mais agressores, armados ou não, usando técnicas simples e eficazes.

Hoje, 30% dos praticantes de krav maga em todo o Brasil são mulheres e há um esforço da FSAKM (Federação Sul-Americana de Krav Maga) para mostrar ao público feminino que a prática se difere dos demais esportes de luta. Trata-se, portanto, de um modo de melhorar a percepção, de adquirir comportamento mais atento nas ruas, em locais públicos ou mesmo em casa, quando há uma situação de risco com um parceiro agressor, por exemplo.

Por meio dos treinos, as mulheres aprendem a superar obstáculos físicos e mentais, adquirem coragem e confian­ça em si mesmas, equilíbrio emocional, mudam a postura frente à vida, a si próprias e ao seu oponente. Quando descobrem que, apesar de não terem a mesma força física do homem, elas são capazes de se defender de forma simples, com movimentos rápidos e eficientes, adquirem confiança, se não para se defender, ao menos para efetua­r uma denúncia.

Segundo o professor que atua em Santo André, Mário Franco, a arte é composta de movimentos simples, rápidos e objetivos, que trabalham pontos vitais e sensíveis do corpo. “Não exige força, mas conhecimento técnico e preparo físico, mental e psicológico.” A equipe da Dia-a-Dia Revista participou de uma aula regular e constatou que, com o aprendizado das técnicas, é possível se defender do algoz de maneira surpreendente.

E a aula geralmente consiste da seguinte forma: após pouco mais de 20 minutos trabalhando o aquecimento do corpo e os reflexos ­– prepare-se para suar –, o professor começa a ensinar os golpes, que estão de acordo com o nível dos alunos. “Trabalhamos muito a parte de coordenação motora, para depois evoluir de acordo com a complexidade de cada situação até, um pouco mais para frente, as defesas contra ameaças e ataques de arma”, explica Mário.

O curso, que para formação leva, em média, de nove a 15 anos ­– de acordo com a avaliação subjetiva do professor –, custa R$ 225 por mês e é medido pelo sistema de faixas. Pode ser feito por crianças a partir de 10 anos. “Além das mulheres, que querem aprender a se defender principalmente de ataques de cunho sexual, por isso damos técnicas de agarramento e estrangulamento no chão ou na parede, por exemplo, as mães colocam as crianças aqui que têm problemas de relacionamento e até para melhorar a autoestima.” O uso das técnicas da defesa em uma situação de risco cabe somente à vítima. Mas o importante é ter essa opção.

 



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